World Press Photo, tradicional premiação anual de melhores fotografias publicadas pela imprensa, tem também um bloco de categorias especial para vídeos e narrativas interativas, o Digital Storytelling Contest. Nele são analisados e premiados tanto vídeos quanto projetos on-line multimídias, como documentários interativos ou narrativas imersivas.
Na categoria de trabalhos interativos, três foram os finalistas. Veja as sinopses:
Notes from Aleppo – Segue a redescoberta do fotógrafo Issa Touma de sua cidade natal. Forçado a sair em 2012, Issa retornou a Aleppo quando ela foi retomada pelo regime em dezembro de 2016. O webdocumentário mostra as pessoas que estão retornando e aqueles que nunca saíram.
Flint is a Place – Webdocumentário no formato de série sobre a cidade de Flint, Michigan (EUA). Explora um momento específico dentro desta cidade americana de uma forma íntima, dirigida pelo personagem. Usando uma variedade de mídias, cada um dos episódios do projeto se concentra em um personagem ou uma questão sistemática e se envolve com uma comunidade diferente dentro da cidade.
The Last Generation – Obra interativa que convida o público para acompanhar a vida de três crianças que enfrentam a perda não apenas de seus lares, mas de toda a nação para a elevação dos mares. As Ilhas Marshall, localizadas entre o Havaí e a Austrália, abrigam mais de 50 mil pessoas. Os cientistas preveem que, se o aumento da temperatura global não for contido, as ilhas podem se tornar inabitáveis durante a vida das crianças que vivem lá hoje.
O grande vencedor foi Last Generation (foto acima), uma iniciativa do tradicional programa de TV de jornalismo investigado Frontline, da emissora pública americana PBS. Assim como no Canadá, onde o protagonismo nas narrativas interativas vem da estatal NFB, a PBS também tem se preocupado com o assunto e levado suas produções para novas plataformas, além da narrativa tradicional da TV.
Pena que as emissoras públicas brasileiras não seguem o exemplo. Na verdade, se tornam cada vez mais chapa-branca e veículos do governo do que emissoras públicas propriamente.
Uma profissão em transformação
Há também diversos vídeos premiados no World Press Photo, que você pode conferir neste link.
A força desses trabalhos em uma premiação de mais de 60 anos consagrada à foto mostra a importante transição que vive o repórter fotográfico, cada vez mais chamado a uma abordagem integral das possibilidades audiovisuais, entregando sua obra nos mais diversos formatos – do papel às experiências imersivas de realidade virtual.
Um grande marco disso é o próprio surgimento do fenômeno dos webdocumentários, há cerca de uma década, embalados pela melhoria da tecnologia tanto de captação (câmeras fotográficas que geram vídeo de alta definição e grande qualidade de imagem) quanto de plataformas interativas (novas tecnologias para animação na web e o crescimento do uso de smartphones).