O jornal francês Le Monde é atualmente um dos principais articuladores de webdocumentários no mundo. Com uma produção constante, o site do jornal já distribuiu uma série tendo o corpo humano como elemento central (Le Corps Hanidcapé e Le Corps Incarcéré) e foi além das fronteiras documentais com a ficção multimídia Multi. Este mês, foi lançado Un Archéologue au Congo (Um Arqueólogo no Congo), novo webdoc do portal, revelando novas propostas na apresentação e na temática de seus projetos.
Em relação aos temas, abordagens recorrentes em produções de documentários televisivos ou cinematográficos acabam sendo refletidas também nas produções para web. A relação é clara quando se analisa os assuntos abordados nas recentes produções de webdocumentários, permeando aspectos variados de um universo comum de temáticas sociais. Em sua mais recente produção, Le Monde abre espaço para outros campos, apostando desta vez na ciência e na história – temas ainda pouco explorados nas webproduções, embora foco de diversos canais especializados na TV a cabo.
Un Archéologue au Congo (Um Arqueólogo no Congo), conta a história de Geoffroy Heimlich, jovem pesquisador que busca registros de arte rupestre no Congo. Viajando sozinho, com recursos reduzidos, longe das terras europeias extensivamente exploradas por seus colegas de profissão, ele percorre caminhos pouco explorados, numa viagem extraordinária pela República Democrática do Congo.
A narrativa é feita apenas por fotos e depoimentos em off. Percorrendo paisagens, grutas e rochedos, o espectador pode tentar decifrar o mistério de inscrições e símbolos, alguns nunca vistos anteriormente. Embora o filme seja um pouco longo, a narrativa é livre, e quem assiste pode navegar diretamente para onde desejar, em um ambiente bem arranjado.
A reportagem inteira foi feita por Geoffroy durante o desenvolvimento de sua pesquisa de doutorado. O material foi montado posteriormente, em uma coprodução entre o jornal Le Monde e a webradio Arte Radio, parte do canal francês de TV a cabo Arte. Embora a proposta seja muito boa e o pesquisador seja carismático, o resultado final deixa um pouco a desejar. A exploração do gênero é pouca, talvez pela falta de experiência do realizador em audiovisual, e o vídeo acaba se torna muito didático.
Un Archéologue au Congo
Produção: Le Monde e Arte Radio
Distribuição: Le Monde
Em francês