O DocLab, mostra paralela do International Documentary Film Festival Amsterdam (IDFA), exibiu em sua edição de 2012 mais 15 projetos interativos que merecem atenção.
Desde seu surgimento em 2008, o festival se tornou o principal evento relacionado a projetos transmídia. O DocLab já foi responsável pela divulgação de projetos importantes, como Out My Window e Prison Valley.
Em sua mais recente edição, o projeto premiado foi Alma, documentário lançado em múltiplas plataformas. No ano passado, o vendedor havia sido Insitu.
Confira abaixo os selecionados para a edição de 2012:
A Journal of Insomnia (Canadá) – O web site interativo da NFB se propõe a retratar o problema da insônia de maneira íntima, não clínica. Na primeira fase, o visitante responde a uma série de questões e compartilha sons, imagens e textos. Esse material será utilizado na segunda fase do projeto, em que o visitante será incentivado a vivenciar a insônia.
A Show (EUA) – O comediante e artista on-line Ze Frank criou em seu mais recente projeto, iniciado em abril do ano passado, um web site em que a plateia faz o show. Ze Frank lança em sua página três vídeos por semana, em que fala sobre assuntos diversos de maneira bem-humorada e desafia os visitantes a participarem de “missões” colaborativas. Os resultados vão desde um vídeo animado inspirado em áudios das pessoas falando sobre seus sonhos a um vídeo e música criados a partir de envios de 2.601 pessoas.
Alma (França) – O vencedor da edição 2012 do DocLab é uma produção da Arte, em parceria à produtora francesa Upian. O webdocumentário conta a história de Alma, ex-membro da Maras, uma das mais violentas gangues de Guatemala. O documentário é dividido em duas partes. Em uma delas, Alma narra suas experiências diretamente à câmera, em um fundo preto. Acima, vídeos e imagens complementares são exibidos, possibilitando o espectador a transitar entre os dois. O projeto virou também aplicativo para iPad, documentário para TV, exibição fotográfica e livros.
Bear 71 (Canadá) – Um mapa interativo é a base para retratar a vida dos animais selvagens no Banff National Park, em Rocky Mountains, no Canadá. O foco é no urso 71, número fornecido pela vigilância do parque. Por meio de uma narração em primeira pessoa do animal e de vídeos de vigilância, dados e fotografias, o webdocumentário levanta questões sobre a relação do homem com a tecnologia e a natureza.
CIA: Operation Ajax (EUA) – O aplicativo criado para o iPad, também disponível para iPhone, combina elementos de graphic novel e documentário de animação. De maneira interativa, a produção reconstrói em dez capítulos os eventos históricos sobre a derrubada da democracia iraniana, em 1953, com apoio da CIA.
Cowbird (EUA) – “O lugar mais bonito do mundo para contar histórias.” É assim que é autodescrito o web site Cowbird. Nele, os usuários (cidadãos), compartilham histórias pessoais por meio de imagens, normalmente acompanhadas por textos ou, às vezes, sons. As histórias podem ser procuradas por tags, “sagas” (histórias comuns a milhões de pessoas) ou coleções criadas pelos usuários.
Gol! Ukraine (France) – A Eurocopa, que aconteceu na Polônia e Ucrânia em junho de 2012, serviu de inspiração para essa produção do Le Monde. Os 12 vídeos do se dividem em seus dois apresentadores, Oleg e Katya. O mundo dele gira em torno do futebol na Ucrânia; o dela, em torno da sociedade. Os visitantes são estimulados a cumprir tarefas para liberar material do webdocumentário, como se fosse um jogo.
At Home (Canadá) – O webdoc da NFB é um estudo que acompanha o projeto governamental que se propõe a resolver a situação dos moradores de rua, oferecendo-lhes um lar. Leia a resenha.
Keep on Steppin’ (Holanda) – A cineasta e fotógrafa holandesa Marjoleine Boonstra registra aqueles lugares cujo registro foi abandonado. Foram utilizadas fotografias, vídeos e animações para contar histórias daqueles que permaneceram após desastres, como a cidade de Nova Orleans, após o furacão Katrina. O projeto consiste em um webdoc, um aplicativo para iPad e um livro.
MAFI.tv – Filmic Map of a Country (Chile) – A plataforma on-line consiste em um registro do Chile atual, filmado por diversos cineastas. Cada vídeo é composto por uma única tomada, de 1 a 2 minutos. Todos eles têm uma posição determinada no mapa. Há a opção de navegação por tema, cineasta, data ou local.
mödern cøuple (França) – A produção da Arte investiga o evento da paternidade. O webdoc divide o tema no mundo das mulheres e homens, que lidam com a situação de maneiras diferentes. São 14 vídeos ao todo, que exploram temas como a capacidade de multitasking e as transformações do corpo. Cada um é acompanhado de uma enquete, em que podem ser vistos as respostas deles e delas.
Pointer Pointer (Holanda) – O web site interativo parte de uma proposta simples: segure o mouse em qualquer parte da tela e aparecerá uma imagem de alguém apontando para onde você apontou. O projeto procura conceder atenção aos mouses, enquanto ainda não desapareceram com o fortalecimento das telas touch
Punched Out: The Life and Death of a Hockey Enforcer (EUA) – O documentário esportivo do New York Times conta a história de Derek Boogard. O jogador de hóquei morreu aos 28 anos devido a uma overdose acidental de álcool e analgésicos. Ele sofria com traumas crônicos no crânio devido aos golpes durante os jogos. Dividido em três blocos, slide shows, imagens e vídeos complementares ajudam a narrar os eventos do documentário.
The Block: Stories from a Meeting Place (Austrália) – O wedocumentário permite o visitante explorar, por meio de sua plataforma, o The Block. O distrito é uma área residencial dedicada aos aborígenes, em plena Sidney. O webdoc retrata as dificuldades enfrentadas no local, que está à beira da extinção, mas também a sensação de comunidade encontrada por seus moradores. Há diferentes possibilidades de visualização do conteúdo e uma parte dedicada a discussões por meio de comentários dos internautas.
The Gallery of Lost Art (Reino Unido) – O projeto da Tate Modern tem a intenção de jogar luz ao problema das perdas de obras de arte. A exibição on-line conta a história de obras de arte que foram roubadas, destruídas ou simplesmente desapareceram. Nomes como Marcel Duchamp e Joan Miró fazem parte da exposição, apenas virtual. Uma nova obra é adicionada semanalmente, até o desaparecimento da própria galeria, em meados de 2013.