Como conceituar as novas narrativas interativas e seu uso no mundo do jornalismo e do documentário interativo? Para o pesquisador espanhol Carlos Alberto Scolari, as narrativas transmídia como “um tipo de relato no qual a história se expõe através de múltiplos meios e plataformas de comunicação, e na qual uma parte dos consumidores assume um papel ativo no processo de expansão”. Trata-se de um conceito bastante amplo e que vai além dos conteúdos de não ficção.
Além disso, uma peça jornalística que use de forma integrada “múltiplos meios”, ou seja, textos, vídeos, áudios, fotos e outros recursos, mas seja divulgada somente pela web (ainda que disponível para computadores de mesa e celulares), não se enquadrará na definição de narrativa transmídia de Scolari.
Por isso, talvez uma opção seja usar o conceito de texto ou reportagem multimídia, entendidos simplesmente como o “uso coletivo de muitos tipos de mídia, como texto, áudio, gráficos, animações, vídeos e fotografias, para transmitir informações”, segundo analisa George-Palilonis.
“Narrativas interativas”, por sua vez, é uma designação que vem sendo usada pela Online News Association, dos Estados Unidos, para definir práticas de “narrativas visuais on-line” (Online News Association). Nessa formulação, a expressão “interativa” ressalta o papel do internauta como interlocutor do processo, interagindo com a interface de forma a explorar todos os seus recursos. Além disso, sem o termo “reportagem”, esse conceito parece também útil para classificar peças informativas interativas que não necessariamente se enquadrem nesse gênero jornalístico.
Como nasce um projeto de narrativa interativa
Nesse novo cenário, cada produção passa a ser encarada como um “projeto” único, que demandará diferentes recursos e se desdobrará em uma apresentação específica, unindo os diversos componentes da equação multimídia de acordo com a relevância deles para aquela narrativa e para aquele tema.
Assim, “o jornalista ou o encarregado do conteúdo analisa o tratamento a ser dado ao acontecimento, planejando sua realização. […] Para isso, é preciso levar em conta os equipamentos necessários para a coleta, a equipe e condições para a coleta, os equipamentos para tratamento da informação, e o tratamento e estruturação da informação”, diz o especialista francês Allain Joannès.
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