15 projetos interativos que você deve conhecer

The Next Day - NFB, Canadá

The Next Day - NFB, Canadá

A cada ano, o DocLab, que acontece em novembro paralelamente ao International Documentary Film Festival Amsterdam (IDFA), vem se firmando no mundo digital com o mesmo peso que o evento principal tem para o universo do cinema documental.

Iniciado timidamente em 2008, o DocLab cresceu em abrangência e representatividade e provavelmente é hoje a vitrine mais importante da produção transmídia de não ficção, assim como o IDFA é o grande referencial em cinema documentário.

O DocLab passou a ter um caráter competitivo em 2010, quando o vencedor foi Highrise: Out My Window. Este ano, o projeto premiado foi Insitu, mas vale a pena conhecer os 15 trabalhos selecionados para a competição. Alguns não se encaixam na categoria de webdocumentários. São blogs ou sistemas interativos para visualização de dados, por exemplo. Mas todos têm uma contribuição de inovação a dar para o cenário da produção audiovisual transmídia.

Abaixo, pequenos comentários e links para todos eles.

Barcode.TV (Canadá) – Uma interface lúdica e participativa: digite o nome de um objeto doméstico ou escaneie seu código de barras para ter acesso a um pequeno documentário sobre ele. São 100 minifilmes, criados por 30 realizadores diferentes. Além do webdoc, há também um aplicativo para iPhone. E uma exposição itinerante percorre diversas cidades europeias.

Beyond 9/11 (EUA) – Produzido pela revista Time em conjunto com a HBO, é uma coleção de depoimentos de cidadãos a respeito de sua visão pessoal do atentado de 11 de setembro de 2001. Tocante, porém tradicional no formato e na abordagem.

Condition One (EUA) – Aplicativo para iPad que cria uma plataforma para publicação de documentários “imersivos”. Toque na tela para alterar a perspectiva da cena e acompanhar a ação com um ângulo de visão de 180 graus.

Farewell Comrades (França) – Memória dos 20 anos do fim da União Soviética por meio de um vasto projeto transmídia, que inclui uma série de filmes para a TV e um webdocumentário com uma narrativa muito interessante. A navegação principal é feito por cartões-postais de época, cada um ligado a um dos participantes da trama. Cada personagem é apresentado em um vídeo próprio, mas é possível também se navegar por temas – como artes, mídia, resistência etc.

Goa Hippy Tribe (Austrália) – Uma coleção de vídeos publicados ao longo de 2010 no Facebook sobre a comunidade hippie de Goa, na Ásia, foi o ponto de partida para este webdoc. O projeto foi acrescido por galerias de fotos, textos e outros complementos. Use seu login do Facebook para guardar informações sobre os trechos já vistos e para “destravar” os conteúdos extras (qualquer semelhança com o método usado em Prison Valley será mera coincidência?).

Highrise: One Millionth Tower (Canadá) – Segundo documentário interativo da série já premiada pelo IDFA em 2011. Mais detalhes nesta resenha.

Insitu (França) – Projeto transmídia incluindo um documentário de cinema de 90 minutos, um webdoc e um aplicativo para iPhone a respeito de intervenções artísticas no espaço urbano europeu. Pode ser visto on-line de maneira linear ou em trechos. Os internautas também podem mandar conteúdos (vídeos e fotos), acessíveis a partir de um mapa.

Powering a Nation: Coal – A Love Story (EUA) – Projeto integrante do News21, programa da Knight Foundation que tem por objetivo incentivar o jornalismo investigativo interativo nas escolas de comunicação americanas. Vídeos, textos e gráficos contam a importância do carvão mineral, principal fonte de energia nos Estados Unidos, e as consequências de seu uso. A barra de rolagem vertical leva o internauta de um vídeo a outro. A interface é agradável, embora mantenha uma navegação praticamente linear (exceto pelos conteúdos do tipo “leia mais”).

Soldier Brother (Canadá) – Uma voz em over e uma série de mensagens de texto compõem a narrativa central deste webdoc diferente. Relata a história das conversas em SMS e no Facebook entre um soldado canadense em guerra e sua irmã, Kaitlin Jones (a voz em over no documentário).

The Burning House (EUA) – Se sua casa estivesse pegando fogo, o que você salvaria? Esta é a pergunta feita aos internautas, que enviam respostas por escrito e fotos de seus pertences. Ver e comparar as escolhas de cada um é interessante. Mas o resultado está mais para um blog participativo do que para um webdoc. Ou não?

The Next Day (Canadá) – Documentário em formato de animação. Com desenho simples e monocromático, conta de maneira sensível a história de quatro personagens que sobreviveram a tentativas de suicídio. A navegação se dá por palavras que demonstram emoções e sentimentos, como “raiva”, “ameaça” etc. Projeto multimídia, inclui também um livro de desenho em quadrinhos, com a mesma linguagem visual do webdoc.

The Prism: Krisis Greece 2011 (Grécia) – Coleção de 27 curtas metragens de 14 fotojornalistas gregos retratando a crise econômica do país. Compilados, viraram também um longa para cinema. E uma exposição fotográfica em Atenas.

The Sexperience 1000 (Inglaterra) – Um grande infográfico animado sobre as preferências e os hábitos sexuais dos britânicos. São 20 questões sobre temas diversos, desde a idade da primeira relação até as escolhas de locais heterodoxas para o relacionamento amoroso – como um trem ou o escritório. Várias possibilidades de filtros, como gênero, idade, local de residência e nível educacional, tornam as opções de visualização quase infinitas.

The Zone (França) – Uma visita à área de exclusão ao redor da usina atômica de Chernobil, na Ucrânia, local do acidente nuclear de 1986. Inclui vídeos e fotos, divididos em oito capítulos temáticos.

Via PanAm (Holanda) – Projeto multimídia que inclui livro, spots de rádio, um web site e um aplicativo para iPad. O repórter fotográfico Kadir van Lohuizen trata da questão da imigração no continente americano, cobrindo desde o Chile até o Alasca em uma viagem iniciada em março de 2011 e que deve ser concluída em fevereiro, 28 mil quilômetros depois.

Observação importante: dos 15 projetos, 4 são produzidos pela National Film Board (NFB) do Canadá, reforçando a força da instituição no cenário dos filmes interativos. O NFB havia sido o vencedor no ano passado, com Highrise. Com isso, o Canadá foi também o país que colocou o maior número de projetos da lista (4), ao lado dos EUA, ambos seguidos pela França, com 3.

,