Cinquenta e dois anos de história, inúmeros grandes jogos da história do futebol brasileiro e muitas, muitas reformas. A Globoesporte.com lançou o especial Maracanã – Um mergulho na história do maior estádio do Brasil, que conta com recursos multimídia para expor a trajetória do palco mais importante do futebol no Brasil.
O caminho escolhido, no entanto, não é o dos gols maravilhosos ou jogos emocionantes. O especial opta por falar daquilo que é estrutural, literalmente. A construção do estádio e suas inúmeras reformas, frutos de falta de planejamento e do descaso, são o grande foco da produção.
Quanto à estrutura do especial, não se pode dizer propriamente se tratar de um webdocumentário, mas guarda diversas semelhanças com esse tipo de linguagem. Há seis capítulos que separam cronologicamente a história do estádio, desde o terreno antes da construção do Maracanã. Essa cronologia está indicada já no título de cada um deles, numerados. O espectador pode escolher a ordem que quiser, mas há uma indicação de uma sequencia.
Cada um dos capítulos conta com um vídeo de cerca de 5 minutos. Eles expõem as particularidades daquele momento da vida do estádio a partir de uma narração e muitas imagens de arquivo.
Embora chamado de documentário, o estilo está muito mais próximo à reportagem jornalística televisiva. Não coincidentemente, são usados muitos trechos de antigas matérias exibidas pela TV Globo. Certamente com um grande material à disposição, foi realizado um belo trabalho de pesquisa para a produção do especial.
O grande destaque, no entanto, são os infográficos disponíveis em cada capítulo. Uma maquete virtual é atualizada a cada reforma e mostra exatamente quais foram as mudanças. É possível também comparar lado a lado as imagens dos estádios em todos os períodos, mudando a linha que demarca cada um deles. Há infográficos mais tradicionais, mas não menos interessantes, de números das reformas e outras curiosidades.
Não é a primeira vez que a Globo se aventura com recursos multimídia, principalmente com infográficos – bem mais comuns na mídia brasileira. No entanto, é notável que a integração de vídeos estruturados de maneira não-linear – documentários ou reportagens – com outros recursos ainda é muito pouco explorada pelos grandes sites brasileiros.
Em outros países, a mídia se aventura um pouco mais nesse território. Na França, principalmente, são muitas as experiências. Na linha do futebol, o LeMonde lançou ano passado um especial sobre a Eurocopa bastante elaborado e interativo. Mas há também outras produções mais baseadas em gráficos, como a da história da descolonização francesa.
Outros veículos franceses também fazem suas experimentações, como a TV5 e o jornal esportivo L’Équipe. O canal alemão-francês de televisão Arte é um dos maiores destaques nessa área, com uma extensa produção de vídeos voltada para a web.
Em outros países, há alguns exemplos possíveis. O site do New York Times experimenta bastante com infográficos interativos e com vídeos, embora não misture os dois com tanta frequência. Ainda em 2008, no entanto, já testou muitos recursos durante a cobertura das eleições presidenciais americanas. Outro jornal de destaque em produções para a web é o jornal colombiano El País.
Por aqui, o iG também realizou experiências na área, como o webdocumentário produzido pela Cross Content, Petróleo, Combustível da Vida Moderna.
Será que Maracanã – Um mergulho na história do maior estádio do Brasil é um sinal de que a Globo e a mídia brasileira começam a abrir os olhos para algo que outros países perceberam há mais tempo? Difícil dizer. No entanto, por mais simples que sejam, serão muito bem-vindas outras tentativas.
Maracanã – Um mergulho na história do maior estádio do Brasil
Produção e distribuição: Globoesporte.com